A diferença entre vida simples, minimalismo e frugalidade - Restauração de fotos Marcelo Fradim
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A diferença entre vida simples, minimalismo e frugalidade

Recentemente houveram muitas reportagens enaltecendo a “Vida Simples”, pessoas que abriram mão de tudo o que possuem para viver com o nada. Por mais que eu acredito que no Brasil possa existir conspiração neste tipo de reportagem, o mundo vive sim o momento da busca pelo essencial (frugal). Pois bem, se excluirmos os antecedentes budistas, filosóficos e cristãos sobre a simplicidade, modernamente podemos citar Henry David Thoreau como o primeiro propagador do estilo de vida simples ao publicar seu livro “Walden” em 1854, no qual relata sua experiência de 2 anos vivendo na mais absoluta simplicidade, como uma forma de protesto contra a modernização da vida e 0 capitalismo. Mais tarde, em 1980, Duane Elgin, com seu livro “Simplicidade Voluntária”, retoma esse termo, também propagando esse estilo de vida. Como uma variante (ou uma releitura) da vida simples de Thoureu e da simplicidade voluntária de Elgin, em meados dos anos 2000 surge o minimalismo com ícones famosos como Leo Babauta (importante destacar que o minimalismo comportamental não tem nada a ver com o movimento artístico das décadas de 50 e 60, pode ter até alguma influência, mas conceitualmente está mais próximo do termo vida simples). Já frugalidade, em minha opinião, é resultado de uma vida simples (ou simplicidade voluntária, pois para mim são sinônimos), visto que ela faz com que tenhamos hábitos menos nocivos ao meio. Vejamos:

  • Vida simples ou simplicidade voluntária: Para Thoreau é “sugar todo o tutano da vida e se defrontar apenas com os fatos essenciais da existência, para aniquilar tudo o que não é vida, e para, quando morresse, não descobrisse que não tinha vivido!”. Já Duane Elgin define como sendo  “uma maneira de viver exteriormente mais simples e interiormente mais rica, um modo de ser no qual nosso eu mais autêntico é posto em contato direto e consciente com a Vida” [Duane Elgin]. Na concepção de Elgin, simplicidade voluntária não tem nada a ver com pobreza, pois esta é debilitante, degradante e quase sempre imposta, não se trata de escolha.
  • Minimalismo: Para Leo Babauta “é simplesmente se livrar de coisas que você não usa ou precisa, criando um ambiente organizado e uma vida simples, despojadamente simples. É viver sem uma obsessão com coisas materiais ou uma obsessão em fazer tudo e muita coisa”. Já para Joshua e Ryan (The minimalists), minimalismo “é uma ferramenta utilizada para se livrar dos excessos da vida em favor de se concentrar no que é importante para que você,  de modo que possa encontrar satisfação, felicidade e liberdade”.
  • Frugalidade: Para Joe Dominguez e Vicki Robin, “é equilíbrio. Ser frugal é usar adequadamente, administrar sabiamente o dinheiro, o tempo, a energia, o espaço e os bens materiais. A frugalidade é algo assim: não é demais e não é muito pouco, é adequado. É o suficiente”.

Resumindo,  vida simples e simplicidade voluntária são sinônimos e defino como sendo um esforço deliberado para apartar de nossa vida toda a complicação desnecessária. Esse esforço é feito de forma consciente, com o intuito de equilibrar aspectos interiores e exteriores do ser humano, em busca de um propósito de vida gratificante e sustentável. Desse esforço resultará, inevitavelmente, a frugalidade, ou seja, a utilização adequada de nosso dinheiro, tempo, energia e recursos. A frugalidade está diretamente relacionada com economia financeira e o uso adequado (até o desgaste ou o compartilhamento) de seus bens materiais. Esse estilo de vida está preocupado em promover uma vida mais sustentável, tanto do ponto de vista social como econômico e ecológico. Já o minimalismo, parece uma variante, talvez inconsciente, dessa vida simples, ou uma releitura feita pelos jovens da geração y.

Portanto, não há grandes diferenças conceituais entre a simplicidade voluntária e o minimalismo comportamental, ambos os conceitos buscam, na realidade última, um jeito alternativo de viver a pós-modernidade sem ser reféns de um consumismo desenfreado e insustentável. Essa busca consiste na valorização daquilo que é essencial para o ser humano, seja lá o que esse essencial signifique para cada um, mas que normalmente tem a ver com liberdade, felicidade, satisfação e simplificação da vida. Enquanto a simplicidade voluntária faz mais sentido para os mais velhos, o minimalismo instiga e inspira os mais novos e a frugalidade resgata o bom senso… de um jeito ou de outro, a língua que se fala e os resultados que se buscam são quase os mesmos: menos complicação, mais vida.

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